terça-feira, 4 de setembro de 2007

Louvor e Adoração:quem, quando, onde e como.

Marco Tullio Azevedo Juric

Introdução

No princípio criou Deus todas as coisas (Gn 1:1-25), e com o seu poder também nos criou (Gn 1:26) e nos deu fôlego de vida (Gn 2:7). Nos fez conforme sua semelhança, e para o seu louvor fomos criado. Não há outro igual ao nosso Deus! Deus onipotente, onipresente e onisciente. Na sua infinita grandeza, sabedoria e pré-ciência, sabe de todas as coisas que foram, que são e que serão pelos séculos dos séculos.
Falar sobre a grandeza de Deus não é tão difícil, pois em todas as coisas vemos a manifestação do poder de Deus, pois tudo existe por causa do seu poder. E mesmo assim, todos os adjetivos seriam ainda incapazes de traduzir tudo o que Deus é. Acho que somente quando estivermos junto à Ele, com nossos corpos transformados é que teremos a revelação completa do seu poder.
Enquanto aguardamos esse maravilhoso encontro com o nosso Deus, vivemos aqui na terra que Ele deu por herança aos filhos de Abraão. E não somente vivemos, mas, sobretudo, buscamos fazer a vontade do Pai, em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador, que uma vez tendo sido morto pelos nossos pecados, nos justificou na sua morte. E o seu sangue nos purificou de toda iniquidade. Hoje podemos ter acesso ao Pai por intermédio de Jesus. Não precisamos mais de um sacerdote que leve nossas ofertas e sacrifícios diante de Deus. A morte de Jesus na cruz foi o único sacrifício, e não haverá outro, que nos deu acesso direto ao Pai. No momento de sua morte o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo, como eraa divisão do tabernáculo, foi rasgado dando livre acesso àqueles que cressem na morte do Filho, e mais, na Sua ressurreição.
Esse livre acesso ao Pai significa que temos liberdade para nos aproximar d’Ele e, garantia de que Ele estará nos ouvindo:é um ato de fé.

Quem louva e quem adora?

Na longa peregrinação do povo Hebreu pelo deserto, após o êxodo do Egito pelo poder de Deus, através de Moisés e Arão, Deus deu as diretrizes para a construção do tabernáculo, lugar onde Deus habitaria. O tabernáculo era dividido em três partes a saber: átrio, lugar santo e lugar santíssimo, onde Deus habitava na figura da Arca, que ali ficava.
No átrio eram apresentados e oferecidos os sacrifícios pelos mais variados ecados. O povo tinha acesso ao átrio. No lugar santo eram apresentadas as ofertas. E também o povo juntamente com os levitas, e aqui entenda-se como tais, todas as classes de levitas e não somente os cantores e músicos, estavam presentes. Já no santíssimo, apenas o sumo sacerdote tinha acesso. Ele se apresentava à Deus, uma vez por ano, como o intercessor do povo junto. Isso era feito com uma corda amarrada à sua cintura, pois caso o sacerdote fosse consumido na presença de Deus por não estar purificado, poderia ser retirado, pois somennte o sumo sacerdote poderia se apresentar à Deus no santíssimo.

O louvor e a adoração à Deus eram duastarefas, dentre outras, exclusivas da tribo e Levi, que na divisão da terra prometida não recebeu herança de terra. A herança da tribo de Levi passou a ser os dízimos e as ofertas oferecidas à Deus no tabernáculo.

A tribo de Levi, Arão e seus filhos, foram separados por Deus para fazerem o serviço do tabernáculo, onde todo o trabalho era feito em turnos devidamente estabelecidos. Durante vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana, os levitas se revezavam em turnos e equipes, previamente estabelecidos, para que o serviço, o louvor e a adoração não fossem interrompidos. Desta forma estava garantido todo o serviço do tabernáculo, sem interrupção.
No antigo testamento todos os dízimos e ofertas eram, por herança, da tribo de Levi (Nm 18:21-24).
Dessa parte os levitas separavam o dízimo dos dízimos (Nm 18:26), que era entregue ao Sumo Sacerdote. Essa era a porção e sustento dos sacerdotes na época do Antigo Testamento. Com a vinda de Jesus, seu ministério, seus mandamentoe e ensinamentos, essa divisão de cargos, turnos e tarefas dos levitas, não ficou bem definida, pois agora, o templo do Espirito Santo passou a ser o nosso próprio corpo (1 Co 3:16; 1 Co 6:19; Ef 2:20-22; 1 Pe 2:5). Podemos observar, claramente, no Novo Testamento os ministérios (dons) de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestre. Também vemos as qualificações para bispos e diáconos (1 Tm 3:1-13). Porém não vemos expressamente a função de levita. Seria o caso de ter sido extinta a função dos levitas? Se não tinham herança de terra, de onde tirariam o seu sustento (Dt 12:19; Nm 18:21-24)?
Creio que essas perguntas só terão respostas se nos reportarmos ao contexto do Antigo Testamento, pois somente dentro de toda liturgia e cerimonial judaíco do Antigo Testamento, é que teremos condições de enquadrar os levitas. Mas isso já é um outro tema de pesquisa que demanda uma conduta investigativa e historiadora, o que não é, e nem pretende ser o presente trabalho.

Então a pergunta: Quem são os levitas da igreja primitiva e de hoje?

A resposta parece ser óbvia, porém devemos analisar sob, pelo menos, três aspectos:

1 - Os levitas com a responsabilidade de louvar e adorar com instrumentos e com vozes;

2 - Os levitas com a responsabilidade de fazer o trabalho do templo (físico);

3 - Os levitas espirituais.

Sob os dois primeiros aspectos, podemos identificar melhor aqueles que, a princípio, seriam os levitas da igreja de hoje: os músicos, cantores, porteiros, zeladores, faxineiros, operadores de som, eletricistas etc, em fim, todos aqueles que, traçando um paralelo com o tabernáculo do Antigo Testamento, trabalham no serviço do templo.
Mas a igreja (física) contemporânea, uma entidade jurídica por exigências legais, possui funcionários assalariados para exercerem várias das funções antes delegadas aos levitas. Mas esses aspectos legais, jurídicos e burocráticos não são
nossa preocupação agora. O que quero destacar é a complexidade da igreja contemporânea no que diz respeito ao serviço dos levitas. Hoje, levita é sinônimo de músicos e cantores, bem diferente do tempo do Antigo Testamento, e que, ao meu ver, o verdadeiro serviço e dever dos levitas de hoje deveriam ser mais elucidados por nossos líderes e pastores, principalmente, para os mais novos na fé, para que não se iludam com “propagandas enganosas”.

O terceiro aspecto reflete mais abrangentemente o levita de hoje, ou melhor, da igreja primitiva até hoje, o que veremos mais adiante.

Agora, o templo de Deus é o nosso corpo, se é que estamos em Cristo. E pelo sangue de Jesus temos pleno acesso, não somente ao lugar santo, mas ao santíssimo. E se é assim, o louvor e adoração estão muito mais ao nosso alcance. Se os levitas do Antigo Testamento eram as pessoas separadas para cuidar do serviço do templo, do louvor e da adoração, hoje, quem cuida do templo somos nós, digo do templo espiritual que é o nosso corpo (1 Co 3:16; 1 Co 6:19; Ef 2:20-
22; 1 Pe 2:5).
Diante dessa verdade contida na Palavra de Deus, podemos dizer que todos nós que cremos na morte e ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, temos o sacerdócio levítico, pois além de termos acesso completo ao templo, o nosso próprio corpo é o tempo de Deus. Por isso é muito importante entendermos bem esse privilégio e responsabilidade.

Continua na próxima postagem...

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