quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Desenvolvendo uma equipe de louvor

por Andy Park

O texto a seguir é um resumo de um outro artigo maior escrito por Andy Park, intitulado: “A equipe de Louvor: Três Paradigmas.” Onde ele explica formas de se desenvolver uma equipe de louvor.

A importância e poder da música

Antes de decolarmos esta breve discussão sobre os diferentes elementos de uma equipe de louvor, e como desenvolvermos uma banda com qualidades, eu creio que é importante nos lembrarmos da importância e poder contidos na música.
Uma das razões porque devemos levar a sério nossa música, é que o mundo leva a sua música muito a sério. Estamos rodeados por música de excelente qualidade. Todo lugar onde vamos, ouvimos músicas feitas por profissionais, seja em um restaurante, um elevador, em nosso carro ou sala de televisão. Nós crescemos aprendendo a apreciar uma música bem tocada, e nós tocamos para pessoas que sabem reconhecer uma boa música quando a escutam.
Existe poder na música. Algumas canções têm a capacidade de quase nos transportar para uma realidade diferente, mesmo não sendo uma música Cristã. Porque todos nós temos a capacidade de nos lembrarmos, palavra por palavra, da letra de uma música que ouvimos a vários anos? Quando você acrescenta uma letra Cristã e o Espírito Santo a uma melodia, você está criando um poderoso pacote.
A música pode impactar as pessoas poderosamente, então temos que extrair o máximo disso. Talvez seja por isso que o salmista escreveu: “entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo” (Salmos 33:3 RA) e por isso, talvez Davi recrutou três líderes e uma equipe de louvor de 288 pessoas, e todos eram “instruídos no canto do SENHOR, todos eles mestres” (I CR 25:1-7). Davi entendeu o poder da música de adoração, quando tocada e cantada com arte.
Pense sobre isto na próxima vez que estiver ensaiando. Como você faria a preparação se fosse para apresentar-se diante do presidente, ou primeiro ministro, ou o rei de uma nação? Certamente você praticaria muito, porque gostaria de que tudo desse certo.
Muito bem, nós preparamos uma recepção para o Rei dos Reis pelo menos uma vez por semana. Nós lideramos reuniões que deveriam trazer honra para Ele e crescimento do Seu Reino em nossas vidas e em nossa comunidade. Nós oferecemos a Ele o melhor de tudo o que temos, incluindo nossa música. A qualidade de nossa música é uma declaração de que: “ Adorar a Deus é importante para nós e por isso vamos trabalhar duro e nos dedicarmos para soar o melhor possível.” Agora vamos voltar ao nosso assunto inicial, estabelecermos uma equipe de louvor de qualidade.

Começando do zero

Ninguém nunca me ensinou como liderar o louvor. Basicamente, eu não tinha a mínima idéia do que eu estava fazendo. Eu aprendi baseado em minha própria intuição e com o talento dos músicos que trabalhavam comigo, que me ajudaram a crescer em meu entendimento sobre como fazer arranjos. A necessidade de estar constantemente tentando e errando, transforma uma caminhada que já é lenta para ser percorrida, em algo ainda mais difícil. Gradualmente eu aprendi o básico do que cada instrumento deveria fazer, e uma linguagem correta que acompanha este processo. Através dos anos meus arranjos se tornaram um pouco melhores e mais limpos.
Por outro lado, teria sido ótimo receber algum tipo de treinamento, como os que são disponíveis hoje em dia. Mas eu também reconheço que aprendi fazendo. As vezes quando somos jogados no lado fundo da piscina, nos transformamos em grandes nadadores; certamente isto nos dá uma grande motivação para aprender!
Então não tenha medo de aprender fazendo, mesmo sabendo que os primeiros passos são lentos e assustadores. Você não vai chegar a lugar nenhum, a menos que dê um passo após o outro.

Não sinta-se intimidado

Poucos de nós seremos músicos profissionais de alto calibre. Enfrentamos um problema quando nos comparamos com aqueles que tem mais treinamento e habilidade. Resista a tentação de sentir-se desencorajado porque existe uma outra igreja na mesma rua que a sua, que tem uma ótima banda, e você não tem músicos com habilidade equivalente a deles. Seja feliz com o que Deus lhe deu, e com as pessoas que Ele colocou a seu redor no ministério da música. Deus concede dons e talentos de formas diferentes: “o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.” (I Co 12:7-11)
Nós não podemos mudar nosso passado nem o nível de dons que recebemos, mas se investimos bem todos os talentos que temos, Deus ficará feliz e certamente receberemos uma grande recompensa no céu. Então faça valer seu tempo de ensaio, e utilize-se da melhor forma dos recursos disponíveis a você.Seja corajoso! Dê passos e assuma o risco, não seja guiado pelo medo de fracassar. Eu poderia encher livros com todos os erros que cometi. Mas uma coisa eu aprendi, que se nunca me aventuro em águas não mapeadas, eu não estou realmente confiando em Deus. Toque com todo seu coração e prepare-se para uma longa caminhada. Então você verá os frutos do seu trabalho.
continua na próxima postagem...

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Religiosos apóiam resolução sobre a terminalidade da vida

Para dom Rafael Llano Cifuentes, presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, “a vida humana é um dom de Deus”.
“É algo sagrado, portanto, nós não podemos tirar nossas vidas. É algo que recebemos de forma gratuita e que não nos pertence. Temos que saber conservá-la. Contra a vida pode haver dois fenômenos trágicos: o suicídio e a eutanásia. A Igreja pensa que não é possível permitir a eutanásia, ou seja, a supressão da vida de pessoas doentes, deficientes ou moribundas. Tirar a vida das pessoas é algo inadmissível”.
No entanto, pondera: “É diferente a interrupção de procedimentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionais aos resultados esperados. A não- interrupção desses procedimentos pode ser legítima ‘obstinação terapêutica’. Para uma pessoa que está em estado terminal, o prolongamento artificial da vida pode ser interrompido. Não se quer desta maneira provocar a morte. Aceita-se não poder impedi-la. Ou seja, não se provoca a morte, mas sim deixa-se que ela chegue após se ter utilizado todos os meios ordinários para salvar a vida”. Ressalta, contudo, que “para tomar a decisão de retirar os mecanismos artificiais é preciso o consentimento do paciente ou daqueles que têm o direito legal de representá- lo”, conforme determina a resolução do CFM.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Louvor e Adoração:quem, quando, onde e como...continuação

...continuação
Responsabilidade

Já vimos que agora temos o privilégio de desenpenhar o sacerdócio levítico, implícito, uma vez que passamos a crer no Senhor Jesus. Com esse privilégio passamos a ter igualmente, responsabilidades. Podemos observar o quanto eram cobrados os levitas no Antigo Testamento (Nm 18:23). Se temos agora o sacerdócio levítico, significa que temos um trabalho a fazer e estamos comprometidos na obra de Deus. Saiba que, mesmo que não o tenham chamado expressamente para participar do grupo de louvor da sua igreja, ao crer em Jesus você se torna um levita automaticamente. Isso mesmo, um levita!


Quando Louvar e Adorar?

Em nossa vida secular trabalhamos diariamente, temos vários compromissos, nos dedicamos a família, vivemos com afazeres os mais diversos. Na maioria das igrejas não há cultos diários, e mesmo que haja, não são durante as vinte e quatro horas do dia para que possamos encontrar o melhor horário, ou aquele que seja adequado às nossas possibilidades, diante de nossa rotina secular diária.
Vimos anteriormente que o nosso corpo agora é o templo do Espírito Santo. Se vamos ao templo (igreja) para louvar e adorar, mais ainda o poderemos fazer uma vez que o templo é o nosso próprio corpo.
Deus é espírito, e como tal devemos adorá-Lo.
Durante os cultos que oferecemos à Deus quase sempre seguimos uma certa liturgia que, muitas vezes nos faz esquecer ou desconcentrar do verdadeiro motivo pelo qual estamos na casa de Deus. E durante essa liturgia que passa pela abertura com oração, quase invariavelmente de súplica por várias coisas, cânticos, anúncios, apresentações, ofertas, orações específicas, palavra e encerramento, muitos se distraem ou se cansam, principalmente os visitantes, deixando de se alimentar da Palavra de Deus e de adorá-lo.
Praticamente todos os itens anteriores são petições que fazemos à Deus e, teoricamente, apenas no momento dos louvores e das ofertas (não os dízimos), é que oferecemos algo à Deus. Isso parece ser muito pouco, e mais, muito aquém do que o nosso Deus merece. É claro que estamos sempre procurando melhorar, e graças à Deus por sua infinita misericórdia e por seu olhar de amor. Pois vemos o aparente, porém, Ele vê os nossos coração e nossas verdadeiras intenções. Sabe quando estamos vedadeiramente O adorando, mesmo que o façamos em condições físicas desfavoráveis, e mesmo que aparentemente não pareça à vista de todos. Glória à Deus por isso!!! Pois somente Deus pode saber o que está nos nossos corações, e saber que O estamos adorando em espírito e em verdade.
Quando louvar e adorar? Bem, eu diria que em todo o tempo.


Onde Louvar e Adorar?

Parece ser bem sujestivo que o local de louvor e adoração seja na igreja, na casa de Deus. Obviamente a igreja, casa de Deus, casa de oração, como diz na Palavra de Deus, é um local de louvor e adoração a Deus. Mas seria muito limitado o poder louvar e adorar somente na igreja.
Onde louvar e adorar a Deus?
Aparentemente, parece ser uma pergunta de resposta óbvia. Praticamente todos os cristãos diriam que o local para louvor e adoração à Deus é na igreja: no templo. Com certeza a igreja é um local para louvar e adorar à Deus, mas não é o único local. No meu entender, podemos louvar e adorar a Deus em qualquer lugar que estivermos, até mesmo naqueles lugares onde, teoricamente, não se louva à Deus, como por exemplo, no sambódromo. Uma obra arquitetônica feita exclusivamente para ser o palco da festa carnal mais popular da cidade do Rio de Janeiro, onde anualmente acontece o desfile de carnaval. Nesse mesmo lugar são realizados eventos evangélicos que, entre outras coisas, são para louvar e adorar à Deus.
Mesmo nos lugares mais simples e cotidianos, como em elevadores, metrô, ônibus, carro, escola, shopping etc, temos a oportunidade de louvar e adorar à Deus, pois como foi dito anteriormente, segundo a Palavra de Deus, o nosso corpo é templo do Espírito Santo, e como templo, é um local de adoração. Portanto, podemos afirmar que a todo momento, seja onde for, temos a oportunidade de louvar e adorar à Deus, pois somos templos ambulantes, e nós mesmos devemos louvar e adorar nesse templo.
Os nossos procedimentos, ações, reações devem ser motivo de louvor e adoração, assim como nossas palavras. Tudo que nosso corpo fizer deve ser motivo de louvor e adoração, pois do templo do Espírito Santo não devieria emanar o que não fosse para louvor e adoração à Deus.


Como Louvar e Adorar?

Quando temos que executar uma tarefa, um serviço ou mesmo uma simples ação como abrir um produto enlatado, seguimos algum tipo de método, norma, sequência... algum tipo de padão, para que tenhamos êxito.
Podemos observar nos Evangelhos que Jesus não usava a mesma metodologia, a mesma forma ou os mesmos critérios para fazer os milagres que fez. Ao homem da mão ressequida disse simplesmente: “...Estende a tua mão...” (Mt 12:13). Ao paralítico Jesus disse: “Levanta-te...” (Mt 9:6). Ao servo do centurião, nem mesmo pronunciou alguma palavra que ordenasse a sua cura (Mt 8:13).
Ao cego em Betsaida, Jesus aplicou saliva em seus olhos (Mc 8:23-25). Fica claro nessas passagens e em muitas outras, que Jesus não fazia os milagres sempre da mesma maneira, utilizando uma mesma metodologia, ritual ou norma.
E como devemos louvar e adorar a Deus?
Creio firmemente que não existe uma única forma de se louvar e adorar a Deus. É bem verdade que encontramos algumas passagens na Palavra de Deus que descreve como se fazia, se faz e se fará o louvor e a adoração. Um exemplo de como Deus descreva uma cena de adoração está em Ap 4:10-11. O ato de se prostrar diante de Deus é, diria eu, uma forma clásica de se adorar a Deus, e na passagem acima referenciada, podemos observar claramente essa postura.
Certamente Deus é dígno de toda adoração e de todo louvor, e a Ele pertence toda a glória e majestade, força e poder. Devemos adorá-lo e louvá-lo de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de todo o nosso entendimento. Mas podemos admitir que também não existe somente uma, ou duas ou três maneiras de adorar e louvar à Deus.
Isso seria uma limitação à nossa criatividade e singularidade. Deus nos fez únicos, e como tal temos nossas próprias expressões.
Podemos expressar nosso louvor e adoração à Deus de maneira diferentes, até mesmo extravagantes. Deus nos conhece e sabe se o que estamos fazendo é, verdadeiramente, para o Seu louvor e para Sua adoração.


Conclusão

Louvar e adorar à Deus é muito mais que simplesmente dizer certas palavra, fazer alguns gestos ou procedermos de uma maneira específica. O noss Deus nos fez seres inteligentes e criativos, nos deu a capacidade de nos expressarmos de maneira única muitas vezes, e por isso não consigo conceber um modelo para O louvar e O adorar. Penso que muitas vezes existe um pouco de esteriótipo em nossas atitudes e ações. Devemos apresentar e dar à Deus o que há de melhor em nós: nossa melhor adoração e o nosso melhor louvor. Creio firmemente que Deus se agrada disso, de oferecermos à Ele o que há de melhor em nós. Por fim, não devemos nos esquecer do bom censo, da ordem e da descência.
Deus nos abençoe!

Marco Tullio Azevedo Juric

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Louvor e Adoração:quem, quando, onde e como.

Marco Tullio Azevedo Juric

Introdução

No princípio criou Deus todas as coisas (Gn 1:1-25), e com o seu poder também nos criou (Gn 1:26) e nos deu fôlego de vida (Gn 2:7). Nos fez conforme sua semelhança, e para o seu louvor fomos criado. Não há outro igual ao nosso Deus! Deus onipotente, onipresente e onisciente. Na sua infinita grandeza, sabedoria e pré-ciência, sabe de todas as coisas que foram, que são e que serão pelos séculos dos séculos.
Falar sobre a grandeza de Deus não é tão difícil, pois em todas as coisas vemos a manifestação do poder de Deus, pois tudo existe por causa do seu poder. E mesmo assim, todos os adjetivos seriam ainda incapazes de traduzir tudo o que Deus é. Acho que somente quando estivermos junto à Ele, com nossos corpos transformados é que teremos a revelação completa do seu poder.
Enquanto aguardamos esse maravilhoso encontro com o nosso Deus, vivemos aqui na terra que Ele deu por herança aos filhos de Abraão. E não somente vivemos, mas, sobretudo, buscamos fazer a vontade do Pai, em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador, que uma vez tendo sido morto pelos nossos pecados, nos justificou na sua morte. E o seu sangue nos purificou de toda iniquidade. Hoje podemos ter acesso ao Pai por intermédio de Jesus. Não precisamos mais de um sacerdote que leve nossas ofertas e sacrifícios diante de Deus. A morte de Jesus na cruz foi o único sacrifício, e não haverá outro, que nos deu acesso direto ao Pai. No momento de sua morte o véu que separava o lugar santo do lugar santíssimo, como eraa divisão do tabernáculo, foi rasgado dando livre acesso àqueles que cressem na morte do Filho, e mais, na Sua ressurreição.
Esse livre acesso ao Pai significa que temos liberdade para nos aproximar d’Ele e, garantia de que Ele estará nos ouvindo:é um ato de fé.

Quem louva e quem adora?

Na longa peregrinação do povo Hebreu pelo deserto, após o êxodo do Egito pelo poder de Deus, através de Moisés e Arão, Deus deu as diretrizes para a construção do tabernáculo, lugar onde Deus habitaria. O tabernáculo era dividido em três partes a saber: átrio, lugar santo e lugar santíssimo, onde Deus habitava na figura da Arca, que ali ficava.
No átrio eram apresentados e oferecidos os sacrifícios pelos mais variados ecados. O povo tinha acesso ao átrio. No lugar santo eram apresentadas as ofertas. E também o povo juntamente com os levitas, e aqui entenda-se como tais, todas as classes de levitas e não somente os cantores e músicos, estavam presentes. Já no santíssimo, apenas o sumo sacerdote tinha acesso. Ele se apresentava à Deus, uma vez por ano, como o intercessor do povo junto. Isso era feito com uma corda amarrada à sua cintura, pois caso o sacerdote fosse consumido na presença de Deus por não estar purificado, poderia ser retirado, pois somennte o sumo sacerdote poderia se apresentar à Deus no santíssimo.

O louvor e a adoração à Deus eram duastarefas, dentre outras, exclusivas da tribo e Levi, que na divisão da terra prometida não recebeu herança de terra. A herança da tribo de Levi passou a ser os dízimos e as ofertas oferecidas à Deus no tabernáculo.

A tribo de Levi, Arão e seus filhos, foram separados por Deus para fazerem o serviço do tabernáculo, onde todo o trabalho era feito em turnos devidamente estabelecidos. Durante vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana, os levitas se revezavam em turnos e equipes, previamente estabelecidos, para que o serviço, o louvor e a adoração não fossem interrompidos. Desta forma estava garantido todo o serviço do tabernáculo, sem interrupção.
No antigo testamento todos os dízimos e ofertas eram, por herança, da tribo de Levi (Nm 18:21-24).
Dessa parte os levitas separavam o dízimo dos dízimos (Nm 18:26), que era entregue ao Sumo Sacerdote. Essa era a porção e sustento dos sacerdotes na época do Antigo Testamento. Com a vinda de Jesus, seu ministério, seus mandamentoe e ensinamentos, essa divisão de cargos, turnos e tarefas dos levitas, não ficou bem definida, pois agora, o templo do Espirito Santo passou a ser o nosso próprio corpo (1 Co 3:16; 1 Co 6:19; Ef 2:20-22; 1 Pe 2:5). Podemos observar, claramente, no Novo Testamento os ministérios (dons) de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestre. Também vemos as qualificações para bispos e diáconos (1 Tm 3:1-13). Porém não vemos expressamente a função de levita. Seria o caso de ter sido extinta a função dos levitas? Se não tinham herança de terra, de onde tirariam o seu sustento (Dt 12:19; Nm 18:21-24)?
Creio que essas perguntas só terão respostas se nos reportarmos ao contexto do Antigo Testamento, pois somente dentro de toda liturgia e cerimonial judaíco do Antigo Testamento, é que teremos condições de enquadrar os levitas. Mas isso já é um outro tema de pesquisa que demanda uma conduta investigativa e historiadora, o que não é, e nem pretende ser o presente trabalho.

Então a pergunta: Quem são os levitas da igreja primitiva e de hoje?

A resposta parece ser óbvia, porém devemos analisar sob, pelo menos, três aspectos:

1 - Os levitas com a responsabilidade de louvar e adorar com instrumentos e com vozes;

2 - Os levitas com a responsabilidade de fazer o trabalho do templo (físico);

3 - Os levitas espirituais.

Sob os dois primeiros aspectos, podemos identificar melhor aqueles que, a princípio, seriam os levitas da igreja de hoje: os músicos, cantores, porteiros, zeladores, faxineiros, operadores de som, eletricistas etc, em fim, todos aqueles que, traçando um paralelo com o tabernáculo do Antigo Testamento, trabalham no serviço do templo.
Mas a igreja (física) contemporânea, uma entidade jurídica por exigências legais, possui funcionários assalariados para exercerem várias das funções antes delegadas aos levitas. Mas esses aspectos legais, jurídicos e burocráticos não são
nossa preocupação agora. O que quero destacar é a complexidade da igreja contemporânea no que diz respeito ao serviço dos levitas. Hoje, levita é sinônimo de músicos e cantores, bem diferente do tempo do Antigo Testamento, e que, ao meu ver, o verdadeiro serviço e dever dos levitas de hoje deveriam ser mais elucidados por nossos líderes e pastores, principalmente, para os mais novos na fé, para que não se iludam com “propagandas enganosas”.

O terceiro aspecto reflete mais abrangentemente o levita de hoje, ou melhor, da igreja primitiva até hoje, o que veremos mais adiante.

Agora, o templo de Deus é o nosso corpo, se é que estamos em Cristo. E pelo sangue de Jesus temos pleno acesso, não somente ao lugar santo, mas ao santíssimo. E se é assim, o louvor e adoração estão muito mais ao nosso alcance. Se os levitas do Antigo Testamento eram as pessoas separadas para cuidar do serviço do templo, do louvor e da adoração, hoje, quem cuida do templo somos nós, digo do templo espiritual que é o nosso corpo (1 Co 3:16; 1 Co 6:19; Ef 2:20-
22; 1 Pe 2:5).
Diante dessa verdade contida na Palavra de Deus, podemos dizer que todos nós que cremos na morte e ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, temos o sacerdócio levítico, pois além de termos acesso completo ao templo, o nosso próprio corpo é o tempo de Deus. Por isso é muito importante entendermos bem esse privilégio e responsabilidade.

Continua na próxima postagem...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Fuja da camisa de força gospel

Marcão, vocalista da banda Fruto Sagrado (artigo publicado em agosto de 2004)


Li no mês passado um artigo assinado por Osmar Ludovico (pastor da Comunidade de Cristo, em Curitiba - PR) que me deixou extremamente feliz. Ele fez uma explanação sobre o cristão e a arte de forma inteligente, equilibrada e espiritualmente perfeita. Ludovico esclarece que a arte como expressão cultural e criativa pré-existe à criação do Universo porque foi Deus quem a criou. A natureza, a vida humana, os micro e macro organismos são obras-primas, resultado do gênio criador e artístico de Deus e que toda origem e fonte de arte, criatividade e a capacidade de apreciar o belo são concedidas por Ele a todos os seres humanos, independente do credo religioso.

O pastor afirma que dentro desta sociedade dominada pela razão egoísta e pelo dinheiro, qualquer artista passa a ser um profeta porque a arte toca o espírito do ser humano e, por isso, o poder da criação artística não pode ser utilizado apenas para fins comerciais, pois arte é muito mais que entretenimento, diversão, decoração ou parte de cerimônias e rituais. Segundo o líder (e eu concordo com ele com todas as forças), a arte, a criatividade, o esforço cultural e a apreciação do belo não necessitam de justificativas ou espiritualizações. Não existem dois mundos sobrepostos, o espiritual e o mundano, mas um só mundo, o real. Isto é, ou Cristo redimiu o homem todo ou então não redimiu nada. Ou todas as áreas da nossa vida se submetem ao senhorio de Cristo, ou nenhuma. Dividimos e dizemos: “isto é espiritual, isso é secular”. Essa cisão acaba por nos fazer aceitar a mediocridade na arte feita por cristãos, seja na pintura, teatro, dança, literatura e música comercializados e aceitos sem discernimento, só porque tem tema “espiritual”, mas cujo conteúdo artístico é pobre ou inexiste.

Ele continua afirmando que nós, cristãos evangélicos, colocamos uma camisa-de-força em nossos artistas. Exemplo: o músico tem que entrar para o coral da igreja ou para alguma gravadora evangélica e cantar só música “gospel”; o pintor só pode pintar “anjo”; o produtor de teatro só pode fazer peças evangélicas; o poeta só pode citar textos bíblicos; quem dança só pode inventar coreografias inocentes e somente dentro da igreja ou então dançar o folclore judaico. Durante o artigo, ele faz uma pergunta que é a mesma que faço há mais de 15 anos: “onde estão nossos eruditos populares e de vanguarda criando sem censura, com autenticidade, integridade e sem concessões comerciais?”

Em todos esses anos em que participo do Fruto Sagrado pude e ainda posso, infelizmente, constatar muitos artistas cristãos usando essa tal “camisa de força-gospel”, repetindo temas de forma pasteurizada, tentando lamentavelmente imitar nomes de expressão nacional ou internacional, sepultando o poder criativo dado por Deus, sem o menor constrangimento.
Os que não se conformam com esse “confinamento” são em sua maioria, marginalizados, renegados a guetos e a pequenas cavernas.

É no mínimo desagradável sofrer censura, ser rotulado, boicotado e por vezes desprezado por não atender as imposições comerciais pseudo-cristãs desse “mundo paralelo”, tão ou mais cruel e injusto que o “mundo normal”. Luto até hoje contra essa “arte evangélica gasosa”. Apesar do Fruto Sagrado ter lançado seis discos, lamento o rótulo imposto, que impede o nosso trabalho de extrapolar os muros eclesiásticos. Particularmente, no setor da música realizada por cristãos aqui no Brasil, vejo muitos se tornando obssecados com detalhes financeiros, a ponto de perderem de vista a arte, a criatividade e a tão proclamada “espiritualidade”.

Aonde chegaremos com tanto legalismo e distorções teológicas a respeito da arte? Será que em nosso atual “ambiente” ainda existe oxigênio criativo? Quantos observam estarrecidos a ditadura da mediocridade que impera em grande parte das livrarias, programas de TV, rádios, gravadoras e igrejas? Oro por uma reforma estética e ética, e que todos os nossos artistas cristãos tenham a opção de serem artistas, não só para o “mundo sacro”, mas também para a arte popular e contemporânea, livres para fazer arte com temas bíblicos ou com temas do cotidiano ligados a realidade, comum a todos os seres humanos, evangélicos ou não.

Como um artista cristão será sal e luz de forma plena, sendo agente transformador da sociedade onde vive se estiver confinado, amarrado literalmente a essa “camisa-de-força-gospel”? Meu sonho é um dia presenciar cristãos criando e atuando artisticamente em novelas, filmes, peças, apresentações musicais, livros, etc, assistidos por qualquer ser humano, independente do credo religioso, em qualquer mídia, livre de rótulos, censuras, preconceitos e inquisições impostas pela mentalidade vigente da “camisa-de-força”.

Que o único, e grande mecenas, o Senhor nosso Deus, criador da arte, da criatividade e do poder de apreciar o belo nos livre, no tempo de sua vontade, dessa “camisa-de-força-gospel” em que vivemos.


Que Deus nos abençoe! (grifos meus)